Te
deixei parado em uma esquina qualquer dessa imensa cidade azul, te abandonei
sozinho nesse frio sem fim.. Mas você olha-me de cima a baixo com aquela cara
‘de não faz isso comigo’ e cuspiu um eu te amo em cima de mim como se essas
palavras pudessem salvar o mundo. Minha mão gela, a boca seca, as pernas
bambeiam e o coração acelera, mas com todo meu cinismo não sou capaz de
responder, não sou capaz de salvar o nosso mundo. Eu simplesmente sorrio, te
dei o mesmo sorriso que dou pro seu Zé da padaria todas as manhãs.
E você, coitado, sofre e eu sofro e o mundo fica
feio e tudo fica sem cor e a peça acaba e o palco desmorona. E você continua a me olhar
sem entender nada, pobre garoto se meteu com a mulher certa na hora errada ou
com a mulher errada na hora certa. E sem compreender minha loucura, sem
entender que a única razão pela qual te deixei você continua a me olhar. Você o
pobre rapaz abandonado em uma esquina qualquer e eu a megera que te deixou
plantado aí para não se perder.
Paula Grando
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