terça-feira, 12 de junho de 2012

O texto sem fim



Te deixei parado em uma esquina qualquer dessa imensa cidade azul, te abandonei sozinho nesse frio sem fim.. Mas você olha-me de cima a baixo com aquela cara ‘de não faz isso comigo’ e cuspiu um eu te amo em cima de mim como se essas palavras pudessem salvar o mundo. Minha mão gela, a boca seca, as pernas bambeiam e o coração acelera, mas com todo meu cinismo não sou capaz de responder, não sou capaz de salvar o nosso mundo. Eu simplesmente sorrio, te dei o mesmo sorriso que dou pro seu Zé da padaria todas as manhãs. 
E você, coitado, sofre e eu sofro e o mundo fica feio e tudo fica sem cor e a peça acaba e o palco desmorona.  E você continua a me olhar sem entender nada, pobre garoto se meteu com a mulher certa na hora errada ou com a mulher errada na hora certa. E sem compreender minha loucura, sem entender que a única razão pela qual te deixei você continua a me olhar. Você o pobre rapaz abandonado em uma esquina qualquer e eu a megera que te deixou plantado aí para não se perder. 
                                                  Paula Grando

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